É jovem, bonito e é filho do grande nome da música portuguesa, Tony
Carreira. À partida, estariam aqui os ingredientes para o sucesso de David
Carreira. Porém, em pouco mais de um ano, o menino de sorriso fácil, já
provou que o talento também faz parte da receita do seu sucesso. Gostava de ser
jogador de futebol mas a vida trocou-lhe as voltas e uma lesão em final de
época levou-o a experimentar fazer um casting para a série juvenil “Morangos
com Açúcar”. O talento que demonstrou ao protagonizar a personagem “Lourenço”,
trouxe-lhe o reconhecimento do público e dos seus pares e neste momento podemos
ver David Carreira como “Chico”, personagem do elenco principal da telenovela
de horário nobre da TVI, “Louco Amor”.
Numa conversa descontraída, David Carreira falou com o StarsOnline sobre as suas três paixões: futebol, representação e música e da forma como teve que abandonar a primeira em detrimento das outras duas.
Tendo em conta que o futebol era a tua grande paixão,
como é que surge a representação na tua vida?
Eu sempre quis ser jogador de futebol e joguei durante 11/12 anos. Mas tal
como qualquer outro jogador de futebol, fui tendo algumas lesões. A última que
tive foi em fim de época, altura em que recebi algumas propostas, mas não eram
propostas em clubes de grande dimensão pois era o meu primeiro ano de sénior e
esse ano é sempre o mais complicado. Ao mesmo tempo recebo também a proposta
para ir fazer o casting dos Morangos, que confesso não levei muito a sério.
Disse logo que não ia porque não sabia cantar.
Como é que surge o teu nome para o casting?
A minha agência propôs-me para o casting e disseram-me para ir fazer o
workshop e que depois logo se via como é que corria. Mas eu continuava a bater
na mesma tecla de que não ia fazer workshop nenhum porque não sabia cantar,
pois naquela série era necessário cantar.
Mas nessa série também podias por em prática os teus
dotes de futebolista…
Sim é verdade mas eu não sabia que o personagem ia jogar futebol. Nessa
altura eu ainda não tinha sido escolhido, era só para ir fazer o workshop. Lá
me convenceram, fui lá e cantei muito mal, representei muito mal também, pois
não tinha experiência nenhuma, mas depois fiz o workshop e comecei a gostar,
comecei a aprender… E como comecei a gostar, comecei a pesquisar mais e a
deixar o futebol um bocadinho mais de lado.
Numa primeira fase ficaste dividido entre o futebol e
a representação?
Fiquei. Mas quando faço o casting final e eles me dizem “tu vais fazer uma
personagem que é o Lourenço, que joga futebol, que canta, que dança, que é o
personagem principal…”. Aí eu pensei, “e agora o que é que faço? Digo que não
quero isto para a minha vida, peço desculpa de os ter feito perder tempo, mas o
que eu gosto mesmo é de jogar futebol ou digo que sim porque estou a começar a
gostar disto? O que é que eu faço?” E pronto, comecei a gravar e disse ao meu
treinador que ia aceitar o convite. Depois da primeira semana de gravações
falei com os meus pais e disse-lhes que estava a gostar muito do que estava a
fazer e que tinha a certeza que não era só uma coisa passageira. E comecei a
esquecer o futebol.
Achas que o fato de começares a ser reconhecido na rua
não influenciou em nada nessa decisão?
Não, de modo nenhum.
A fama não te assusta?
Não. Nem quero fama. Aliás, essa é uma palavra que eu não gosto. O
reconhecimento do meu trabalho sim, isso gosto, porque sinto que o meu trabalho
está a ser valorizado pelo público. Ou me dizem que está bom, ou que está mau,
mas é bom sentir que está a ser valorizado.
Nunca te arrependeste da decisão que tomaste?
Não. Há momentos em que tenho saudades de ter um corpo de atleta e de estar
todo definido (risos), mas nunca me arrependi de ter seguido por este caminho.
O reconhecimento do teu trabalho já deu frutos e neste
momento já estás noutra produção, desta vez em horário nobre. Quais é que são
as principais diferenças entre fazer uma série juvenil e uma telenovela de
horário nobre?
Por um lado há diferenças, mas por outro é igual. A minha preparação para
esta personagem foi muito maior. Para os “Morangos” preparei-me mas não sabia
metade do que sei agora. No período de tempo entre os “Morangos” e o “Louco
Amor” parei quatro meses para estudar. Estudar representação ao máximo. E
portanto preparei-me imenso, mas aquilo que eu sinto é que o nível de
exigência, acaba por ser igual. Apenas são públicos diferentes, mas quer seja
um público, quer seja outro, as pessoas vão julgar o meu trabalho, por isso a
exigência é a mesma.
Estiveste cá ou foste para fora?
Estive cá, primeiro com o Thiago Justino e depois com o Tozé Melo, que é o
diretor de atores da novela.
E como é que fizeste a preparação para este novo
personagem?
O Chico é um personagem como muita carga dramática. Finalmente (risos),
porque gosto muito dessa linguagem. É um personagem que tem um passado muito
mal resolvido, onde o pai mata a mãe e por isso vai 18 anos preso. A história
começa exatamente quando o pai sai da prisão e se tenta aproximar do filho.
Inicialmente o Chico adora o tio e odeia o pai, por ter morto a mãe, mas ao
longo da história ele vai acabar por perceber que se calhar não é bem assim.
Pelo que percebi gostas mais de personagens com alguma
carga dramática. Achas que te dá mais trabalho na preparação?
Sim, o que eu acho é que quanto mais passado tiver a personagem, mais
coisas se consegue ir buscar. Por exemplo, o Lourenço, praticamente não tinha
passado. A única coisa que sabíamos dele é que tinha jogado futebol a vida toda
e que tinha sido obrigado a isso pelo pai. O passado do Chico é diferente, só o
simples fato de o pai ter morto a mãe, já traz caraterísticas completamente
diferentes à personagem. Aqui o desafio é imaginar como é que é a vida de um
miúdo que para além de ter sido obrigado a crescer sem a mãe, ainda tem que
suportar o peso de a mãe ter sido morta pelo pai.
Fizeste muita pesquisa?
Fiz alguma, mas aprendi muita coisa com o Thiago Justino. Truques que eu
podia por numa personagem, observando os outros. Um ator tem que estar em
constante observação para poder transpor para a ficção aquilo que acontece na
realidade.
E consegues sair facilmente da ficção e entrar na
realidade? Sair do Chico e entrar no David?
Espero que sim. Quando fiz os “Morangos”, isso acontecia-me e levava o
Lourenço comigo para casa. E chegaram a acontecer-me algumas coisas estranhas.
Dei comigo muitas vezes a chegar a casa chateado, ou muito contente, sem
supostamente o David ter uma razão aparente para que isso acontecesse. Depois
percebi que quem estava chateado ou contente era o Lourenço e que eu não estava
a conseguir deixar essas emoções no estúdio. Mas agora acho que já não
acontece.
E lá em casa, como é que está a ser a reação a este novo trabalho?
A minha mãe quer ver a novela à força toda porque adora novelas, a minha
irmã também, já o meu pai não liga muito. Já contei alguns pormenores, mas
também não posso contar tudo (risos).
E ao nível do elenco, como é que está a correr a experiência?
Brutal! É um elenco muito bom e isso ajuda a poder gravar com boa
disposição e a ter vontade de ir trabalhar. O Luís Esparteiro é fantástico,
rio-me imenso com ele e está a ensinar-me bastante. O Nicolau eu já conhecia
mas acabei por conhecer melhor e está a ser fabuloso trabalhar com ele. E a
Bárbara, com quem faço par romântico, é uma senhora, tem imensa piada. Acho que
tenho tido muita sorte com as pessoas com quem tenho contracenado e tenho que
aproveitar isso pois é um complemento à formação.
Neste momento a música está um bocadinho mais em
standby?
Não. Tenho tido imensos concertos, já tenho outros tantos marcados… Como a
minha música é mais eletrónica, durante o Inverno fiz uma tournée em discotecas
e correu muito bem. Agora durante o Verão vou começar com os concertos e também
algumas discotecas, as maiores discotecas, um pouco por todo o país.
As gravações de “Louco Amor” só acabam depois do
Verão, portanto vai ter que ter um ritmo alucinante para conciliar a música e a
representação.
É muito bom. Eu gosto desse ritmo. Poder fazer videoclips, música e
representação é muito muito bom.
E o pouco tempo que resta aproveitas para quê?
Sobra sempre um bocadinho de tempo para estar com a família e os amigos.
Mas eu gosto muito de trabalhar. Adoro criar. O meu terceiro videoclip vai ser
lançado daqui a pouco tempo e apesar de já o ter imaginado, agora estou na fase
de procurar locais para o gravar, procurar personagens…
Podes levantar uma pontinha do véu?
Vai sair durante o mês de Maio e é uma música do meu álbum. É uma música um
bocadinho diferente das dos outros dois videoclips porque, enquanto que as
outras eram mais eletrónicas esta é uma balada. É um registo completamente
diferente mas estou a pensar num elenco feminino… mas não posso dizer mais
nada.
ATENÇÃO: Esta entrevista foi feita há já algum tempo!
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